segunda-feira, maio 02, 2011


Mediação, Educação e Cultura Visual: uma breve reflexão sobre as propostas de Fernando Hernández. Por Anderson Magalhães

Nesse texto pretendo pensar a atividade de mediação dentro da galeria de arte como uma prática educacional complementar da vida escolar dos alunos, não só como uma forma de aproxima-los das obras de arte e do ensino de arte como também uma forma de se desenvolver e analisar questões voltadas ao vasto campo da cultura visual. Isso tendo como base as propostas apresentadas pelo autor Fernando Hernández nos capítulos cinco e seis de seu livro Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho.


O capítulo cinco se intitula A pesquisa sobre a compreensão: a interpretação como chave da educação escolar, e partira de concepções construtivistas sobre conhecimento e educação, abordando questões sobre desenvolvimento humano, apreciação estética e arte na pós-modernidade. As idéias construtivistas dizem respeito a noção de conhecimento não como uma coisa a ser apenas transmitida, mas como uma relação dialética entre o que conhece (sujeito) e o que é conhecido (objeto), instituído em um processo socio-histórico-cutural. Em relação as noções de desenvolvimento cognitivo, Piaget acreditava que a inteligência humana passa por estágios de desenvolvimento lineares, ascendentes e universais, esse pensamento já criticado desde os anos 70 passou a ser relativizado de acordo com o contexto cultural e encarado de forma complexa, e não mais como fases bem delimitadas. O conceito de conhecimento artístico também sofreu modificações, e passou a ser analisado como parte fundamental do conhecimento humano principalmente como uma forma de decodificarão e leitura de símbolos culturais, levando em conta tanto a produção das obras de arte como a compreensão dessas. A apreciação estética entendida como uma forma do desenvolvimento cognitivo, pode revela formas socialmente construídas de percepção do belo e a origem de certas referências culturais, que surgem a partir do questionamento e do dialogo sobre obras de arte ou imagens em geral. A pesquisa de Parsons apontada no texto de Hernández mostra cinco etapas diferentes de apreciação estética, que vão desde as percepções básicas da imagem (representação) até o cume do processo que seria a interpretação autônoma do indivíduo frente a imagem, essas etapas são: 1-favoritismo, 2- beleza e realismo, 3- expressão, 4- estilo e forma, 5- autonomia. Em meio as discussões sobre ensino de arte não poderia faltar as questões que envolvem o momento histórico em que vivemos, a contemporaneidade, também chamada de pós-modernidade. “ Tal como o formula Hargreaves, o pós-moderno pode ser considerado um fenômeno estético, cultural e intelectual que abarca um conjunto concreto de estilos, práticas e formas culturais nas artes plásticas, na literatura, na música, na arquitetura, na filosofia e no discurso intelectual em geral – pastiche, colagem, desconstrução, falta de linearidade, mescla de períodos e estilos, etc.” É muito importante se refletir sobre o conceito de pós-modernidade, pois isso influenciar todos os campos do saber gerando novos paradigmas no conhecimento. A arte passa a ser a representação de significados culturais e sociais , ganha assim um vasto campo para a livre interpretação, já que em um obra de arte não há mais verdades absolutas e tudo dependera do olhar que se lança sobre ela de acordo com o contexto em que se vive. Como ponto central desse capitulo cinco está a noção de interpretação como chave para a educação. ”Interpretar é, portanto, decifrar. Implica decompor um objeto (representação) em seu processo produtivo, descobrir sua coerência e dar aos elementos e às fases obtidas significados intencionais, sem perder nunca de vista a totalidade que se interpreta”. Entendida dessa forma a interpretação exige do indivíduo buscar em suas experiência pessoais significados que possam ser associados ao que ele esta vendo, essas associações colaboram para que o indivíduo complete o que ele já conhece com o novo conhecimento adquirido de acordo com suas necessidades e seu contexto socio-cultural, tornando-se um ser autônomo capaz de pensar e recriar seu próprio mundo, que me parece ser o grande objetivo da educação construtivista como um todo.


http://mediadoresdearte.blogspot.com/2010/03/mediacao-educacao-e-cultura-visual-uma.html
0

0 comentários:

Postar um comentário

:a   :b   :c   :d   :e   :f   :g   :h   :i   :j   :k   :l   :m   :n   :o   :p   :q   :r   :s   :t